O chão da rua foi inundado
pelo colchão absoluto
que saía da sua
vergonha descabida.
O chão da rua foi inundado
pela minha pele nua que
(incrivelmente)
não habitou a sua.
O chão da rua foi inundado por
aquele chão no qual foram
jogadas todas as respirações e cabelos
que caíram no chão por terem sido
como tapetes que caem
escada abaixo.
O chão da rua
lamentou-se por ser
apenas chão naquela hora
e não teto;
por não ser esburacado a ponto de engolir-me;
por não ser furacão, redemoinho, mata borrão
ou qualquer coisa
que não chão;
por não ser espelho para refletir
sua aparência derretida e mastigada
por dentes do próprio chão.
Os dentes do chão da rua,
inclusive,
foram inundados por
línguas de ônibus e
salivas que continham chuvas
com aftas que continham
sóis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário