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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

opmet


O vento não ousou mover-se naquele dia; desejou não desorganizar a pilha de papéis presente no quarto. Não houve, enfim, sequer prenúncio de dinamismo. O ar, apesar de inoperante, continuava com seu escasso trabalho, o de entrar e sair pelas narinas daquele único presente, imóvel. As migalhas de pão espalhadas pelo chão, quando pisadas pelos pés descuidados, eram praticamente as únicas coisas no cômodo e eram audaciosas o suficiente para produzirem algum tipo de som.
Não! Era muito sustentar um dia. Pesado, mais que ele próprio. Levava tempo, o de um dia para ser exato. É o que diziam. Porém tempo esse que não se apresentava de tal forma, tão singela e desejada por todos, mas sim como o Espaçoso-minucioso-calmo-grande-e-gordo-Senhor-Tempo, prazer em conhecê-lo. Parece-me mesmo que o Tempo tem muito prazer em nos conhecer, dado que permanece conosco por tanto tempo. Como falava esse sujeito, o tal do Tempo. Não parava quieto; era o único a ameaçar levantar brisa na sala quieta, porém não o fazia. Voava sem sair do lugar. Pudera, para aonde iria? O espaço não cruza seu caminho.