Páginas

domingo, 11 de dezembro de 2011

Chá com bolachas


A madeira da cadeira que caiu
estava marrom demais pra perceber
                       [sua apatia
perante as mesas postas no fim
                       [da tarde de tudo

A madeira que caiu da cadeira
marrom demais não percebeu
a apatia das mesas postas no fim
                           [da tarde de tudo


O que caiu da madeira da cadeira
                             [marrom 
estava demais para perceber 
a apatia das mesas que puseram fim 
                             [de tudo na tarde

A madeira que caiu,
A cadeira que caiu,
Estavam todos marrons demais 
perante as mesas opostas 
pra perceber qualquer apatia
do fim de todos os fins de tarde.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Um espião,
Em sua espreguiçadeira,
Com seu espinhel,
Espera esplendor.
Rebusca, busca.

Estranho,
Estático,
Escasso.

- Esplendor? Está aí?
A esmo... 
- Alô?
Aqui é o especialista em esplendores.
- Escuta, quais são suas estatísticas?
- Estonteantes.

Com esforço, lembrou-se da fala d’um amigo:
- Bom, “estima-se que um especialista dessa estirpe deve ser parecido
com um esterco.”
- Tu, tu, tu.

Respira...

Desiste-se de esplendores.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

opmet


O vento não ousou mover-se naquele dia; desejou não desorganizar a pilha de papéis presente no quarto. Não houve, enfim, sequer prenúncio de dinamismo. O ar, apesar de inoperante, continuava com seu escasso trabalho, o de entrar e sair pelas narinas daquele único presente, imóvel. As migalhas de pão espalhadas pelo chão, quando pisadas pelos pés descuidados, eram praticamente as únicas coisas no cômodo e eram audaciosas o suficiente para produzirem algum tipo de som.
Não! Era muito sustentar um dia. Pesado, mais que ele próprio. Levava tempo, o de um dia para ser exato. É o que diziam. Porém tempo esse que não se apresentava de tal forma, tão singela e desejada por todos, mas sim como o Espaçoso-minucioso-calmo-grande-e-gordo-Senhor-Tempo, prazer em conhecê-lo. Parece-me mesmo que o Tempo tem muito prazer em nos conhecer, dado que permanece conosco por tanto tempo. Como falava esse sujeito, o tal do Tempo. Não parava quieto; era o único a ameaçar levantar brisa na sala quieta, porém não o fazia. Voava sem sair do lugar. Pudera, para aonde iria? O espaço não cruza seu caminho.